Conheça o 1º BPM, projeto social que lidera o Ranking DaBase no Tocantins
Enquanto clubes tradicionais medem forças no cenário profissional do Tocantins, um projeto social vem se destacando na revelação de atletas e acumulando títulos no futebol de base do estado. Desenvolvido pela Polícia Militar, o 1º BPM é o atual líder do Ranking DaBase em Tocantins e motivo de orgulho para seus coordenadores.
O projeto começou em 2005 com ênfase na inclusão e apoio ao desenvolvimento social de jovens através do esporte. A missão de contribuir na reversão do quadro de vulnerabilidade social de crianças e adolescentes de Palmas, capital do estado, logo ganhou o lado competitivo, com a formação de equipes de futsal e futebol.
Quinze anos após sua fundação, o 1º BPM atende 400 jovens de 5 a 17 anos de forma gratuita e aberta à comunidade. Em campo, a equipe é a atual bicampeã estadual sub-17, campeã sub-16 e finalista nos últimos quatro Tocantinenses sub-15, com duas conquistas.
Referência como projeto da Polícia Militar, os valores da corporação são empregados nas equipes, como disciplina , lealdade, hierarquia, honestidade, coragem e a dignidade humana. É o que explica o presidente Richard Sanches, em entrevista exclusiva ao DaBase.com.br. Ele celebrou o reconhecimento do projeto dentro e fora de campo.
“É motivo de muito orgulho para todos nós. Conseguir destaque em meio a tantos outros bons projetos e equipes profissionais realmente é algo bastante significativo. Especialmente porque conforme o ranking a gente consegue números significativos considerando também o Norte do país. Nos sinaliza que estamos no caminho certo”, falou,
Hoje o 1º BPM conta com uma equipe de trabalho composta por sete militares (seis treinadores e um gestor) e um treinador civil, sendo seis profissionais de Educação Física. São dois campos oficias de grama natural para treinamento dentro dos quarteis e uma quadra poliesportiva municipal para as aulas de futsal, além de transporte próprio da PM para as partidas.
Os treinamentos são feitos duas vezes por semana para cada categoria, com turmas pela manhã, tarde e noite. As equipes de rendimento recebem treinos complementares no período noturno. Há também uma política de aproximação entre professor, aluno e família, para reforçar o cuidado individual com cada atleta, além de um projeto educacional que pode ser iniciado ainda em 2020.
“Já dispomos de sala de aula totalmente equipada para atendermos 50 alunos simultaneamente com aulas de reforço escolar, inglês, espanhol e cursos profissionalizantes. Contudo, não demos início a essas atividades pois ainda dependemos de apoio financeiro para viabilizarmos a contratação de profissionais. Esperamos iniciar essas atividades ainda esse ano”, disse Richard Sanches.
Como não é um clube, o 1º BPM não pode disputar torneios como a Copa São Paulo. Por isso, trabalha até a categoria sub-17. Para dar continuidade ao desenvolvimento dos atletas, o projeto mantém uma parceria com o Interporto, cedendo jogadores para as equipes sub-19 e profissional.
Mas as revelações do 1º BPM não ficam só no Tocantins. O projeto vem colocando atletas em clubes em todo o Brasil. Nomes como Guilherme (Atlético-MG), Guilherme Cesar (Villa Nova-MG), Walber (Noroeste-SP), João Pedro, Rayllan e Adriano (Comercial Tietê-SP), Franklin (Mirassol-SP), Kauan (Flamengo-RJ), Rodolfo (Ferroviária-SP), Heitor (Goiás-GO) e ISac (Novorizontino-SP) começaram a carreira nos quartéis tocantinenses.
Com o sucesso esportivo, Richard Sanches acredita que, futuramente, o projeto possa se transformar em um clube, mas que o foco é se tornar referência como projeto social. Durante a pandemia, os profissionais e militares realizaram entregas de diversas cestas básicas para famílias mais necessitadas. Segundo o presidente, há uma preocupação quanto ao longo período de inatividade dos jovens.
“A preocupação maior é com os meninos. Estamos em uma região que já se joga muito pouco. É um período grande de paralisação, certamente prejudicará a formação. A geração 2003, por exemplo, talvez seja a que lamentamos mais, pois é o último ano de sub-17. Nesse momento, eles já estariam vivendo a expectativa de um grande confronto nacional pela Copa do Brasil”, comentou.
Richard acredita que a pouca quantidade de jogos é uma das maiores dificuldades do futebol de base tocantinense, que sofre com questões financeiras.
“Nosso futebol não conta com as principais fontes de renda que envolvem o negócio. Não tem transmissão de TV, logo não tem cotas, não tem vendas de jogadores, as bilheterias quase nunca pagam o custo das partidas (média de 300 a 400 pagantes) e os clubes não conseguem emplacar um programa de sócio-torcedor pelo pouco tempo em atividade no ano. A maioria faz dez jogos, ou seja, cinco em casa em média”, analisou.
“Esse cenário faz com que os clubes priorizem o futebol profissional em detrimento à base, que acaba tendo um custo elevado para participar de competições. Regularizar um atleta amador de outro estado, por exemplo, custa em torno de R$1,200. Os deslocamentos em sua maioria são grandes, podem chegar a 800km. Ainda assim, as competições sempre contam com equipes tradicionais e franquias de escolinhas, como Flamengo, Santos e Fluminense, o que faz os campeonatos serem sempre muito equilibrados dentro da nossa realidade”, acrescentou o presidente.
Richard finaliza dizendo que vê uma evolução no futebol de base nacional, mas pede um calendário maior para as equipes menores.
“Penso que já teve uma melhora falando em nível nacional , com maior número de competições. Embora a Copa do Brasil sub-17 e sub-20 já proporcionem um avanço para a base dos estados menores, oportunizando confrontos inéditos, como o que tivemos contra o São Paulo, penso que precisamos de muito mais. Talvez o fomento a competições regionais, como já acontece com a Copa do Nordeste sub-20. Esse investimento é o mínimo, o básico. Não é razoável uma equipe sub-19 jogar dez jogos oficiais no ano como ocorre hoje em nosso estado”, concluiu.