João Paulo Sampaio expõe desafios da transição da base para o profissional no futebol brasileiro
A transição de jovens jogadores das categorias de base para o futebol profissional sempre foi um dos maiores desafios do futebol brasileiro. João Paulo Sampaio, gerente da base do Palmeiras, trouxe reflexões importantes sobre esse processo durante sua participação no podcast Denilson Show. Para ele, a cultura de troca constante de treinadores e a necessidade de resultados imediatos dificultam o aproveitamento de promessas da base nos times principais.
“Eu acho que o grande problema do Brasil é a transição”, afirmou Sampaio. “O treinador chega e tem três, quatro jogos para ganhar tempo. Então, ele olha para o banco e vê alguns meninos da base, mas prefere optar pela segurança de um jogador experiente. Eu já ouvi isso de um treinador do Palmeiras: ‘Olha quem está no meu banco! Eu sei o que o Zé Roberto vai me entregar, mas não sei o que o garoto da base pode me trazer de novidade’.”
A análise de Sampaio revela uma cultura enraizada no futebol nacional, onde a pressão por resultados impede que jovens jogadores tenham mais oportunidades. “O menino da base é uma aposta naquele jogo, naquele contexto. O profissional tem a torcida, tem a pressão, e só o treino nem sempre é suficiente para convencer o técnico a dar essa oportunidade”, explicou.
Contudo, ele enxerga uma mudança nesse cenário nos últimos anos. A ascensão de jovens que conquistam títulos e se tornam conhecidos da torcida antes mesmo de estrearem no profissional tem ajudado a quebrar essa barreira. “Agora, os meninos já chegam ao profissional reconhecidos. O torcedor quer ver, já cobra para que eles joguem. O Endrick, por exemplo, foi o nome mais falado na mídia mundial em janeiro de 2022, depois de vencer a Copa São Paulo com apenas 15 anos.”
O caso de Endrick, que hoje joga no Real Madrid, exemplifica a importância de dar espaço a jovens talentos que se destacam desde cedo. No entanto, Sampaio destaca que, para essa mudança se consolidar, é preciso que os clubes tenham um planejamento mais estruturado e paciência com seus treinadores. Enquanto a pressão por resultados imediatos continuar pesando sobre os técnicos, a transição entre base e profissional seguirá sendo um dos maiores desafios do futebol brasileiro.
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