Projeto do Inter faz jovens jogarem “futebol de rua” para recuperar essência do esporte
O Internacional está realizando um projeto que busca recuperar a essência do futebol jogado nas ruas, com as mesmas regras e alguns improvisos que a garotada já está acostumada. Há um ano, todas as sextas-feiras, garotos do Sub-8 ao Sub-13 da Escola Rubro do Inter vão ao ginásio com gramado sintético no CT Parque dos Quero-Queros, em Alvorada, para simplesmente brincar de futebol.
Cerca de 70 atletas participam do projeto Aprimorar, que possui alguns pontos parecidos com o desenvolvido pelo Cruzeiro em suas divisões de base. Os próprios jogadores definem os pontos que cada jogada vale, sendo que os gols de bicicleta e de cabeça costumam valer mais, bem como um drible mais difícil de ser aplicado. Quando a bola toca na parede, não existe tiro de meta ou escanteio, mas sim uma oportunidade de fazer tabela para tirar o adversário do lance.
Segundo o professor do projeto, Wilson Souza, a proposta é incentivar a autonomia, curiosidade e perspicácia dos jovens para eles descobrirem e aplicarem novas ideias de jogo. De acordo com o coordenador da base do Inter, Luís Fernando Ortiz, o objetivo principal é a fomentação da criatividade dos futuros profissionais.
“Temos notado que o futebol brasileiro parou com aquele enfrentamento de um contra um, da alegria nas partidas. Coisa que na rua se tinha muito. Se jogava em vielas, jardins, corredor de casa. Eles criavam as regras, jogavam de pé descalço, tiravam tampão do dedo, do joelho, mas era uma alegria muito grande. O que fazemos neste projeto é fomentar a criatividade deles”, explicou em entrevista publicada pelo jornal Zero Hora.
Embora não seja disputada na rua, a partida possui linhas imaginárias em que os jogadores sabem quando precisam devolver a bola para o arremesso lateral. A bola, aliás, muitas vezes é improvisada com a utilização de meias, bem próximo do que acontece nas ruas de todo o país.
Por ser em gramado sintético, os atletas são incentivados a fazerem jogadas mais complicadas, como finalizações de bicicleta, e aprimorarem o jogo aéreo. “É importante eles se soltarem e apostarem em jogadas assim. É no momento em que ajustamos tecnicamente cada um”, avisou Wilson. O professor acredita que o desenvolvimento desse trabalho é importante para tirar os jovens e pais da preocupação que existe em brincar nas ruas atualmente, principalmente em função da falta de segurança.
“Eles são de uma geração que vivem enclausurados por uma série de fatores sociais. Futebol para essas crianças que passam 10 anos na formação, por exemplo, precisa ser uma coisa prazerosa, alegre. E isso contribuiu para que o projeto dê certo. Já vimos vários resultados, vimos um jogo que eles dão lambreta, chapeuzinho, lances que ninguém espera”, finalizou.