Supervisor do Centro Olímpico relata dificuldades financeiras na manutenção do projeto
A maior base do futebol feminino brasileiro vive sérios problemas financeiros há algum tempo. O Centro Olímpico, projeto da Prefeitura de São Paulo e referência em formação de jogadoras, tem orçamento de apenas 10 mil reais por mês para a manutenção de um trabalho que atende mais de cem meninas.
Supervisor do Centro Olímpico e treinador da equipe sub-15, Rodrigo Coelho explica como funciona o trabalho. “Somos um projeto da Prefeitura de São Paulo em que o espaço público, materiais de treino, benefícios para as atletas e gestão desses recursos são feitos pela diretoria do Centro Olímpico, vinculada à Prefeitura. Porém, existe esse problema de RH relacionado à comissão técnica. Somente dois dos sete profissionais são contratados pela Prefeitura. Os outros cinco têm seu vínculo como voluntário. Os custeios deles são feitos através de parcerias e patrocínios, o que gera dificuldade e instabilidade”.
Rodrigo alega que o valor de 10 mil reais por mês, destinados à gestão dos profissionais, não é o suficiente, principalmente quando estão lidando com o sonho de vida de muitas meninas. No entanto, o problema não é fruto da atual crise. O supervisor explica que, devido à falta de patrocínios, a manutenção do projeto é instável desde 2011, quando ele surgiu.
Nos últimos anos, o Centro Olímpico se consolidou como potência na base feminina. No início do trabalho, porém, a equipe também fez sucesso entre as adultas, sendo campeã nacional em 2013. De acordo com Rodrigo, entretanto, a evolução do futebol feminino ‘profissional’ dificultou o trabalho. “Hoje, o cenário adulto está cada vez mais competitivo, o que demanda um alto custo na construção e manutenção da equipe. Por isso focamos na formação de atletas desde muito cedo”.
Com foco apenas na base, a equipe vem se destacando na formação de jogadoras e nas competições disputadas. O Centro Olímpico é o atual bicampeão da Liga de Desenvolvimento da CBF e da Libertadores na categoria sub-14. E a partir de 2020, o primeiro clube a conta com a categoria sub-11 ganhará uma nova divisão. A primeira equipe sub-9 do país será formada por meninas nascidas em 2011 e 2012.
Para dar espaço a tantas atletas, o projeto conta com peneiras realizadas mensalmente, de forma gratuita, na capital paulista. Contudo, devido à pandemia do novo coronavírus, não só as avaliações estão suspendas, mas também o treinamento das atletas que, segundo o supervisor, estão treinando de casa.
“Estamos sofrendo os impactos como todo o mundo. Competições e viagens foram adiadas devido à crise. Nossas atletas estão a mais de um mês sem ir ao clube, mas nem por isso estamos parados. A comissão técnica mantém contato diariamente com as meninas, passando treinamentos físicos, análise de vídeos e discussões sobre o futebol”, conclui.