Thiago Viana detalha métodos de trabalho no futebol feminino de base do São Paulo
O futebol feminino de base ainda está no estágio inicial de desenvolvimento no Brasil, Após as mudanças feitas pela CBF, que obrigou os clubes a formarem equipe, as categorias de base passaram a receber mais atenção. Nesse meio incipiente, no entanto, o trabalho de alguns clubes vem se destacando. E um deles é o São Paulo.
O Tricolor Paulista fundou sua própria equipe feminina há poucos anos, em 2018, após um ano de parceria com o Centro Olímpico. Apesar disso, o trabalho desenvolvido vem rendendo frutos em formato de taças. O time é o atual tricampeão paulista sub-17, além das conquistas do Brasileirão sub-16 e da Nike Premier Cup sub-17 do ano passado, das Ligas de Desenvolvimento Nacionais sub-16 em 2017 e 2018 e da Sul-Americana, em 2018.
No comando dessas campanhas está Thiago Viana. O técnico, que começou no próprio Centro Olímpico, conta com a ajuda de toda a comissão técnica para executar um trabalho científico e prático. As análises começam já na chegada das atletas ao clube, passando por aspectos de dentro e fora do campo, como ele explica.
“Essa formação começa analisando as lacunas que as jogadores têm pelo processo de anamnese. São anamneses cognitivas, táticas, técnicas e físicas que nos dão um panorama de todas as lacunas e potencialidades que as meninas possuem ao chegar aqui. São aspectos de dentro e fora do campo, com fatores mentais e psicológicos, que estão ligados à construção da infância e adolescência, onde foi feita e como é a estrutura familiar”.
“A partir desse levantamento, trabalhamos os aspectos individuais, amenizando as lacunas e potencializando o que elas já têm de bom. Usamos vários métodos, como feedback, análise de vídeos e regras que colocamos nos treinamentos para estimular determinados comportamentos”.
Todo esse conhecimento científico tem origem nas salas de aula, Thiago é formado em Educação Física pela Universidade de São Paulo (USP). Ele se destacou em equipes universitárias e passou por projetos em escolinhas até chegar ao Centro Olímpico. Além disso, Viana é professor na rede municipal de educação, aliando a experiência de treinador e professor.
“O que eu tinha na cabeça na época de faculdade era trabalhar com futebol, mas não sabia em qual área seria. Quando surgiu a oportunidade de trabalhar no Centro Olímpico, estava me formando em licenciatura e meu TCC era sobre futebol feminino escolar. As situações casaram, estava estudando a questão de gênero na escola e simultaneamente apareceu a oportunidade”, falou o treinador sobre seu início na profissão.
“Trouxe um significado muito grande, pois juntei a paixão pelo futebol e uma causa importante, a de gênero no Brasil. Isso desencadeou uma força muito grande para continuar no futebol feminino. Depois que você começa, percebe todas as lutas, o potencial de crescimento da modalidade e se apaixona”, concluiu.