Preparador Giba Luciano explica sobre as diferenças de trabalho físico entre as categorias de base

A volta aos treinos dos principais clubes brasileiros tem sido alvo de discussão recentemente. A busca pelo melhor condicionamento físico é um dos objetivos dos atletas para recuperarem o ritmo após o longo período de inatividade durante a pandemia. Mas, e para as crianças e adolescentes, como será esse recondicionamento?

Quem explica é Gilberto Luciano, o Giba, ex-preparador físico do Santo André. Para ele, o cuidado de cada atleta com seu físico ditará as condições no pós-pandemia.

“Acredito que os jovens sentirão pela resistência, falta de condicionamento e ritmo de jogo. Mas vai depender exclusivamente de cada um. O atleta que levar os treinos a sério e seguir as orientações nesse período, cuidando da alimentação e dormindo corretamente, sairá em vantagem”, disse.

Para o preparador, o tempo de recondicionamento dos jovens após o retorno às atividades pode chegar a um mês. “Se eles se dedicarem, acredito que de três a quatro semanas. Será o tempo para entrarem em forma novamente e recuperarem o ritmo de jogo e o condicionamento”, afirmou.

A pandemia não trouxe efeitos apenas para a preparação física. Com a pausa das atividades e a possível volta das categorias de base somente em 2021, Giba foi dispensado pelo Santo André, clube pelo qual iniciou sua carreira em 2018.

Após anos de experiência em academias, com trabalho de musculação, natação e funcional, ele conta que começou como voluntário por iniciativa própria.

“Trabalhava como segurança nos jogos do profissional e cursava educação física, aí conheci algumas pessoas e pedi uma oportunidade de estágio. Depois de ser voluntário por três meses, me efetivaram como estagiário remunerado. Seis meses depois, me formei e me efetivaram como preparador físico das equipes sub-11 e sub-13”, comentou.

Nesse período, Giba fez parte da comissão técnica do treinador Alexandre Seich, quando o Santo André foi semifinalista do Paulistão sub-11 de 2018, eliminando o Corinthians na primeira fase e caindo para o São Paulo. Dois anos depois, o preparador faz questão de lembrar de dois pênaltis supostamente não marcados para o time do ABC no duelo de volta, vencido pelo Tricolor por 1 a 0.

Giba detalhou métodos de trabalho em diferentes categorias. Foto: Arquivo Pessoal

Em 2019, Giba também fez parte da equipe de preparação física da Copa São Paulo e do time sub-15, conquistando de forma invicta a Copa Cuebla, batendo o Palmeirinha de Paraisópolis na decisão, além do vice-campeonato da Paulista Cup nas categorias sub-12 e sub-15.

Com passagens em categorias diferentes, o preparador físico explica que cada idade pede um tipo de enfoque.

“No sub-11, focávamos bastante em coordenação motora, fundamentos, enfrentamento, algo bastante lúdico, e trabalhava sempre com intensidade para se acostumarem a jogar dessa forma, pois era a proposta do treinador. No sub-13, o foco era coordenação, fundamentos, velocidade e iniciação força com o próprio corpo, por exemplo, agachamentos, utilizava bastante borracha mini Band, trabalho de enfrentamento”, detalhou.

“Quando fiquei com o sub-15, o foco já era força, velocidade, potência, enfrentamento, preventivo, alongamento e propriocepção”, completou o preparador.

Pós-Graduado em Fisiologia do Esporte, Giba tem como objetivo de carreira continuar estudando, aperfeiçoar e chegar ao futebol profissional. Ele acredita que a fisiologia tem ajudado muito na prevenção de lesões e faz questão de citar pessoas que o ajudaram a chegar onde chegou.

“Tenho como inspirações o Danilo, preparador do Fortaleza, um amigo e parceiro que sempre me ajuda quando preciso; o Marcel Franca, hoje no sub-20 do Audax; Paulo Daubin também me ajudou, hoje está no Desportivo Brasil; Davi Silva e Cesar Martine. E utilizo muitos livros como os do Sérgio Sargentin”, concluiu.

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